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terça-feira, maio 01, 2007

A caminho do título

Em plena sexta-feira santa, o Porto recebeu o Vitória de Setúbal e goleou os sadinos por 5-1, fazendo assim a maior goleada da época portista.
Apesar do cheiro a fim de semana prolongado no ar, não houve descanso para os lados do estádio do Dragão. Nem dos jogadores, nem dos adeptos. Enquanto, no relvado, a equipa fazia o que lhe competia, jogando e arrancando a vitória dum modo relativamente fácil, nas bancadas, marcava-se uma boa presença, com a lotação a atingir os 40.000.
A curva sul esteve bem composta, nomeadamente o sector GMU. Aproveitando o feriado da melhor maneira, poucos foram os que faltaram ao encontro. Tem sido uma época sempre marcada por uma presença muito boa da parte do nosso grupo!
O jogo jogado teve muitos golos mas pouca história. O Vitória de Setúbal foi uma equipa macia que deixou o Porto à vontade para jogar e para marcar. Os três primeiros golos azuis e brancos surgiram praticamente dos três primeiros remates e, ao intervalo, já vencíamos por 4-0.
A segunda parte foi mais calma, o resultado estava feito e só deu para haver mais dois golos, uma para cada lado e assim se fixar o marcador final, 5-1. Os marcadores da noite foram: Jorginho, Adriano, Hélder Postiga, novamente Adriano e, por fim, o puto maravilha, Anderson. O golo de honra do Setúbal foi marcado por Bruno Ribeiro.
O sector ultra esteve muito animado. Os golos ajudaram e a primeira parte foi bastante boa a nível de apoio. O GMU mostrou a sua raça, cantando e fazendo cantar e procurou sempre incentivar a equipa em busca de mais golos.
Enfim, um jogo agradável, uma vitória fácil e um apoio razoável em busca do título, que está cada vez mais perto!

O dia mais longo

Este é um texto penoso de escrever, uma deslocação difícil de relatar e um jogo mal visto para se poder redigir sobre ele/comentar... Porque, não sendo este um blog de relatos pessoais, há acontecimentos demasiado fortes que afectam todo um grupo (principalmente quando este é unido), e que deitam por terra toda a imparcialidade que possamos querer ter e toda a noção do que é importante falar e/ou não.
No entanto, sensibilidades à parte, é isso que se vai tentar fazer, do modo mais neutro possível.
Esta é, sem dúvida, a deslocação mais aguardada por todos nós, ultras portistas. É uma deslocação que dura o dia todo, uma deslocação que nos deixa com as emoções à flor da pele, que traz sempre aquela sensação de que estamos no meio do perigo mas que nada nos pode acontecer, ninguém nos pode parar... É aquela deslocação em que os nossos familiares e os nossos amigos, que não entendem este “nosso mundo”, nos dizem “tenham cuidado”, “vocês são doidos, é muito perigoso”, “fiquem cá, vejam o jogo pela televisão, não se vão meter em confusões” e outras coisas do género. É a deslocação que nos coloca em confronto directo com os nossos maiores rivais, no seu próprio terreno, onde procuramos (ou devíamos procurar) levar avante a nossa força, a nossa fé, a nossa razão de estar ali: mostrar que somos os maiores e melhores a apoiar a nossa equipa! E é por tudo isto e muito mais que não se pode não se ir ao benfica - Porto!
A viagem até lisboa foi calma e divertida. Desta vez, e sendo costume as nossas viagens à luz serem feitas em autocarro próprio, só com membros GMU, optou-se por ir de carro ou em autocarros SD, e a juntarmo-nos ao resto dos adeptos portistas no sítio do costume, ou seja, nas portagens de Alverca. Durante a semana muito se especulou sobre o local para onde seria levada a comitiva portista e de onde partiria, em cortejo, para a luz. Acabamos por nos juntar em Telheiras e aí aguardar que a polícia se organizasse e nos tentasse organizar para se prosseguir até à catedral dos lampiões.
O cortejo, pode-se dizer, correu muito bem. Não houve nenhum incidente a registar, nenhum tipo de confusão, foi rápido e até divertido! Os problemas só começaram a surgir no acesso ao próprio estádio, quando nós já só queríamos entrar, uma vez que se aproximava a hora do jogo. Parece incrível como depois de tantos jogos grandes naquelas bandas, tantos jogos entre o benfica e o Porto aconteça sempre a mesma coisa, tenham sempre as mesmas dificuldades, haja sempre uma enorme desorganização. Sem procurar culpas ou responsabilidades, a verdade é que, tanto a passagem pela primeira barreira de segurança, como a entrada nos torniquetes se revestiu da mais perfeita confusão. Nem vale a pena aprofundar muito o assunto, tentar explicá-lo ou mesmo percebê-lo, porque, para o ano acontece a mesma coisa... Cada um tratou de si e de tentar entrar o mais rápido possível, porque era para isso mesmo que lá estávamos, para ver o jogo.
Todos nós, GMU’s, conseguimos entrar a horas, mas houve muito boa gente que só entrou já bem perto do intervalo. Isto é inadmissível, pagar 35€, andar 300 km e só ver a segunda parte do jogo…
Mas o que nós todos queríamos, no fundo, era apoiar a nossa equipa e foi isso que fizemos logo que esta entrou em campo. Os cânticos foram uma constante mas podíamos ter feito melhor. As condições acústicas daquele estádio até o permitiam e com o silêncio dos lampiões como constante, tinha sido fácil dar um festival. Mas pronto, o pouco é melhor que nada e esse pouco, pelo menos, tivemos. A juntar às nossas vozes, estiveram as bandeiras e estandartes que animaram o terceiro anel e empurraram a equipa para um jogo razoável.
O Porto fez uma excelente primeira parte, criando boas oportunidades de golo, pressionando o adversário e praticando um bom futebol. Aos 40 minutos a cabeça de Pepe finalizou, da melhor maneira, um livre marcado por Quaresma, empurrando a bola para dentro da baliza de Quim. Provocou, assim, a primeira explosão de alegria na bancada azul e branca. Era o delírio! Estávamos a ganhar, só precisávamos de não esmorecer e de continuar a jogar bem.
Porém, não foi isso que aconteceu na segunda parte. O benfica entrou a jogar melhor do que aquilo que tinha jogado, começou a empurrar o Porto para o seu meio campo e a nossa equipa acabou por abrandar o ritmo. Apesar de tudo isto, o golo que iria dar a igualdade acabou por ser um golpe de sorte. Foi Lucho que, infortunadamente, aos 82 minutos, meteu a bola nas malhas da baliza de Hélton… Estava feito o empate que não mais se alterou. Mesmo ao cair dos 90 minutos, Renteria falha um golo que parecia mais fácil de concretizar do que de falhar e Hélton segura, magnificamente, um remate de Derlei. O marcador estava fixado, os pontos foram divididos e nós ficamos a ganhar no confronto directo com o slb.
Enquanto o resultado final se ia construindo, em campo, nas bancadas viviam-se outras emoções. Motivados pelo rebentamento de alguns petardos, as forças policiais, envolvidas na segurança deste jogo, decidiram evacuar algumas pessoas, escolhidas não se sabe bem com que critério, para os corredores das bancadas, impedindo-as, assim, de ver o jogo para o qual tinham bilhete e pelo qual não tinham pago assim tão pouco... Perante as recusas e as perguntas do porquê daquilo estar a acontecer, e, numa tentativa ignorante e cobarde de mostrarem que mandam, aqueles que, supostamente, estavam ali para nos proteger, acabaram por fazer exactamente o contrário. Gerou-se uma imensa confusão e alguns de nós acabaram por ser envolvidos nela. Foram momentos complicados, onde se assistiu a muita coisa, onde se viram atitudes por parte da polícia completamente descabidas, onde nos sentimos uns objectos desprotegidos e usados no meio de um jogo de poder e onde a equidade e rectidão da justiça simplesmente não existiu. É Portugal no seu melhor! No fim de um dia complicado houve quem regressasse a casa, houve quem tivesse de ainda andar às voltas por lisboa e houve mesmo quem tivesse de ficar por lá.
Acima e apesar de tudo, o nosso dever foi cumprido, estivemos presentes a apoiar a nossa equipa, desta vez, mais que nunca, contra tudo e contra todos! Porque, para além dos nossos direitos como cidadãos, também é por ela que nos debatemos.

Libertà per gli ultras!